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A DEMAGOGIA QUANDO NÃO NOS ATINGE

  • Foto do escritor: SRamalho
    SRamalho
  • 19 de jun. de 2021
  • 5 min de leitura

Esses dias eu estava lendo, como tenho feito constantemente, e alguns fatos me chamaram atenção.


De início tenho percebido, ultimamente, nas minhas caminhadas um fenômeno impressionante; ao caminhar tenho visto a cada dia motoristas de aplicativos, e não é apenas um e sim vários, com seus carros estacionados na calçada a espera de uma chamada, enquanto os transeuntes, na maioria idosos, que caminham por aqui por perto daminha casa, tendo que sair das calçadas e passar pela rua se esgueirando dos carros em movimentos pelo simples fato de que a calçada está ocupada com os carros de aplicativos.


Nos dias que estou caminhando, vou despudoradamente a cada um dos tais motoristas e peço-lhes gentilmente para que coloquem os carros nas vagas de estacionamento, que existe no local.


A grande maioria são bem solícitos, um caso raro é que fica meio relutante, mas liberam as calçadas.


Nesses casos, o que mais eu imagino é qual seria a reação de cada um desses motoristas se eu ou qualquer outro motorista estacionássemos nossos carros nas calçadas deles.


Como brasileiro, se fosse na minha calçada, eu iria ficar P... da vida, nesse sentido da palavra que vocês estão imaginando mesmo, e tenho certeza que cada um dos motoristas de aplicativos que vejo estacionando nas calçadas também ficariam.


O lado bom de ver essas situações todos os dias é que, para mim, tenho refletido mais e mais vezes nas ocasiões em que eu estacionei o carro na calçada e tive o típico pensamento “ah... é só um minutinho.”


Esse UM MINUTINHO, sabemos que não é mesmo esse pequeno lapso temporal, e mesmo que seja, estamos ferindo o espaço do outro a nosso bel prazer de não estacionar o carro há 10, 15 ou 20 metros de distância.


Quando nos é conveniente, fazemos as coisas achando a mais linda e bela perfeição, mas se não nos é conveniente, aí soltamos gatos, cachorros, papagaios, parentes e aderentes em uma turba mista de revolta e raiva, vociferando a mais perfeita perfeição do ser humano.


Ledo engano nosso pobres mortais...


Se pararmos para refletirmos sobre isso chegaremos à conclusão, pelo menos eu cheguei, de que tudo isso vem do EXEMPLO; isso mesmo, nós aprendíamos português, matemática, história e todas as demais disciplinas curriculares por que tínhamos exemplos a nossa frente e nós os respeitávamos como se fossem nossos pais.


Hoje, nossos exemplos estão desfocados, sem evidências na família, na religião ou em qualquer outra força de sustentáculo.


A sala de aula nos dias atuais, os professores, e até mesmo os pais, vivem pior que um Faquir, não deitado, mas pisando em pregos ao lidar e tratar certos assuntos em sala, pois há sempre uma “ameaça” de estarmos ofendendo ou ferindo direitos, traumatizando os alunos.


Outro fator da evolução desse quadro narrado no parágrafo anterior é no nosso dia-a-dia, pois como tratado em artigos anteriores, temos uma fábrica jurídica, não por culpa do Judiciário, do chamado DANO MORAL.


Para justificar isso, vi e li bastante, senão quase tudo que foi publicando sobra a morte de um cantor de funk, que caiu do 5º andar da varanda de um hotel no Rio de Janeiro.


Todas, mas todas mesmas, pelo menos as que li, falaram do caso e o que me deixou intrigado foi que as mídias chamaram a acompanhante do grupo de MODELO.


Eu cresci aprendendo que modelo eram aquelas mulheres estonteantes que apareciam nas passarelas e em capas de revistas, de moda.


Sem demagogias, o que tem demais em chamar a mulher que acompanhavam os rapazes de acompanhante? Afinal, ela acompanhava o grupo sim. Eu não vi ninguém falar de algum trabalho que ela tenha feito para comprovar a sua profissão de MODELO, como eu conheço e imagino.


Gostaria de dizer que não tenho nada contra a profissão que ela possa exercer, seja modelo ou acompanhante, se for acompanhante ou outro termo, defendo que ela possa exercer de forma dignar e sem coação de qualquer tipo e mesmo assim ela continuará ser digna, independentemente de ser chamada de modelo ou acompanhante.


Acredito e tenho certeza que os jornais falaram o termo MODELO com receio de sofrerem ações judiciais difamatórias que lhes causem alguém prejuízo em seus cofres.


Lembro que meu pai dizia, quando eu era criança, que a diferença entre prostituta e acompanhante executiva, era apenas que a primeira era a filha do vizinho. Na minha tenra infância, eu nunca entendi aquilo, mas com a maturidade e o conhecimento me veio as luzes do conhecimento e entendimento de tais colocações, e vejo que ele tem razão.


Vivemos num mundo de aparências, onde temos que mostrar ostentação para a sociedade, caso contrário seremos mal vistos pelos demais.


É muito mais chique dizer que vai jantar “FLOCOS DE MILHO DESIDRATADO AO VAPOR COM FRUTOS DO MAR” que falar que vai comer “CUSCUZ COM SARDINHA”.


Tudo isso para que? Para sermos demagogos e não falarmos que comemos cuscuz com sardinha? Eu adoro e como pelo menos uma vez por semana essa combinação, além de outras combinações convencionais e não convencionais.


Nós, por costumes e exemplos que temos daqueles que deveriam nos dá exemplo correto, aprendemos a sempre buscar vantagens pessoais em todas as relações que desenvolvemos, desde que aquilo nos seja favorável, caso contrário nos é maléfico, mal fadado, inapropriado.


Outro caso do que nos convém eu vi no domingo dia 23 de maio e no dia seguinte; nosso presidente, como já mencionado em outro artigo deste Blog, que o mesmo passou o domingo na cidade do Rio de Janeiro, circulando pela cidade de motocicleta, circulado por outros tantos e em palanques fazendo discursos, tudo sem a menor preocupação com distanciamento social ou uso de máscaras de proteção.


A meu ver, dando aos seus nacionais o exemplo de que a pandemia é invenção de alguns para não trabalhar ou ficar em casa.


Se somos reflexos de nossos governantes, então estamos mortos...


No dia 24 do mesmo mês, ou seja, no dia seguinte, o mesmo presidente foi para o Equador para a posse presidencial daquele país, e, pasmem, lá estava nosso presidente distante das demais autoridades e usando máscara de proteção.


Onde aprendemos essas demagogias?


Digo que no nosso cotidiano, nas nossas ações que achamos que são normais e não nos colocamos na posição do outro que estamos, de certa forma, prejudicando.


Tenho um conhecido que não cansa de falar “globo lixo”, em referência a um canal de tv, mas este mesmo conhecido, não abre mão de todos os finas de semana e nas quartas-feiras, assistir futebol no mesmo canal e nos demais canais do grupo televisivo.


Como se ver, é o típico caso que estou falando de demagogia; nós reclamamos de determinadas situações, mas somente quando nos é conveniente para um fim que nós queremos.


Deixemos de ser demagogos, pois se assim continuarmos, estaremos sendo exemplos para nossos filhos, sobrinhos, netos, vizinhos e todos aqueles que nos conhecem e tem contado conosco.


Ser rapariga, prostituta, garota de programa ou acompanhante não tem nada demais e temos que encarar como qualquer outra profissão digna que garante o sustento de uma pessoa ou família.


Não há demérito em exercer qualquer que seja a sua profissão de forma digna e correta, sem sofrer coação ou preconceito.


Se tomarmos como exemplo, e temos que vê-lo como exemplo, é o caso de Jesus Cristo, que profeticamente mostrou como eram o de seu tempo no trato com Maria Madalena. Nós hoje continuamos da mesma forma que àqueles em relação a prostituição.


Se Jesus falou que “Aquele que nunca pecou atire a primeira pedra”, eu lhes digo, já atirei pedras demais e quero apenas aprender e buscar ser menos demagogo a cada dia para quem sabe, um dia tentar me considerar melhor hoje do que já fui ontem.


Se vou conseguir isso? Não sei. Mas sei que estou a cada dia mais reflexivo sobre determinados temas do nosso mundo e da nossa sociedade.


Ainda irei fazer igual ao início deste texto quanto a estacionar o carro de forma indevida numa calçada? Não sei. Mas saibam que estou mais atento a isso comigo mesmo para que eu deixe de atirar pedras e que também deixem de atirar pedras em mim.


Eu, um demagogo, como qualquer outro.




José Salatiel Cordeiro Ramalho

Bacharel em Direito e em História com Pós-Graduação em História do Brasil

Gr.˙. 17

19 de Junho de 2021



 
 
 

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