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A HIPOCRISIA DO “MAS EU FAÇO”

  • Foto do escritor: SRamalho
    SRamalho
  • 21 de nov. de 2021
  • 3 min de leitura

Ontem foi dia 20 de novembro, que para os brasileiros é o chamado DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA, eu deixei para escrever este texto exatamente hoje por discordar de certas ações que temos no Brasil na tentativa de mitigar determinadas injustiças e até mesmo ausências do Estado em prol da sociedade como um todo.


Nós enquanto sociedade e cima de tudo enquanto negros que somos não precisamos de UM ÚNICO dia para sermos lembrados da nossa cor e origem, necessitado que isso seja feito por todos, inclusive por nós mesmos todos dos dias do ano.


Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) a estimativa é que somos mais de 213.879.215 (duzentos e treze milhões, oitocentos e setenta nove mil, duzentos e quinze) habitantes.


Segundo o IBGE, desses mais de 213 milhões de habitantes, 19,5 milhões se declararam ser negro, 8,7 se declararam serem pardos, ambos somando 28.200.000 (vinte e oito milhões e duzentos mil) habitantes.


Para o IBGE, o Nordeste do Brasil tem 57.667.842 (cinquenta e sete milhões, seiscentos e sessenta e sete mil e oitocentos e quarenta e dois) habitantes, ou seja, o Nordeste do Brasil que concentra a maior população negra do Brasil, não chegamos nem a metade do Nordeste. (lembrando que o IBGE registra essas informações de acordo como cada entrevistado declara qual é sua cor)


Se observamos, temos uma parcela da população que se declaram serem pardas, com certeza para não dizer que são negras.


Eu mesmo perdi um amigo, com muito prazer, pois quando eu falava que era negro, ele teimava em dizer que eu era MORENO e eu particularmente discordo totalmente disso, e explicava a ele que chamar alguém de MORENO é só uma forma preconceituosa de chamar o outro.


Quando surgiu o termo “moreno” era por que ou os pais não gostavam que seu filho fosse chamado de negro para não o diminuir, como também não queria chamá-lo de branco para esta não ser motivo de chacota; ou a própria pessoa pelos mesmos motivos citados.


Eu acho e acredito que boa parte desse preconceito parte de nós mesmo negros por nos definirmos como MORENOS, PARDOS ou outra denominação que seja, como também eu por várias vezes já tentei namorar mulheres negras e das várias que tentei a melhor resposta que recebi foi “LEGAL, QUEM SABE UM DIA. EU TE AVISO” fato que não aconteceu quando pedi em namoro mulheres brancas.


Assim, neste ponto, acho que cabe a nós negros nos valorizarmos para que mudemos esse conceito social de criamos “datas comemorativas” com o intuito de engrandecer determinadas situações.


O mesmo ocorre com o Dia do Orgulho LGBTQIA+, com o Outubro Rosa, o Novembro Azul.


Será que o grupo de pessoas negras devem ser lembradas apenas no dia 20 de novembro? E as pessoas LGBTQIA+ só devem ser lembradas no seu dia? E o Outubro Rosa e o Novembro Azul? Só temos que combater o câncer de mama ou o câncer de próstata nos meses de outubro e novembro respectivamente?


Não! A consciência negra tem que ser lembrada todos os dias do ano, a valorização das pessoas LGBTQIA+ também tem que ser seu valor e espaço na sociedade todos os dias do ano; assim como as campanhas de combater ao câncer de mama e de próstata devem ser implementadas todos os dias do ano.


Pode fazer uma pesquisa no sei circulo de amizades e lhes perguntar amanhã dia 22 de novembro o que foi o dia 20 de novembro e poucos irão se lembrar, perguntem também qual é o dia do orgulho LGBTQIA+ e verá que muitos poucos irão responder e saber. Assim também é com o câncer de mama e de próstata nos meses iniciais do ano, ninguém lembra nem divulga nada, mas quando chega os meses de outubro e novembro o que mais vemos na TV, rádio, internet, redes sociais, fotos de eventos, para-brisa de carros todos com o lacinho azul o rosa.


Da mesma forma acontece com nosso patriotismo, eu em tempo idos andava com uma bandeira do Brasil tremulando na traseira de meu carro e muitas pessoas me perguntavam se o Brasil tinha ganho algum jogo e eu apenas respondia que meu patriotismo era todos os dias do ano e não apenas nos meses de Copa do Mundo e quando a Seleção Brasileira ganhava.


Assim somos nós, uma nação que vivemos de momentos.





José Salatiel Cordeiro Ramalho

Bacharel em Direito e em História com Pós-Graduação em História do Brasil

Gr.˙. 17

21 de novembro de 2021


 
 
 

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