A PERPETRAÇÃO DO PODER
- SRamalho
- 29 de mai. de 2021
- 6 min de leitura
Eu, como todo brasileiro do interior do país e do meu Estado natal, Paraíba, que nascemos nos anos 1970, creio que a maioria fomos alfabetizado em casa.
Lembro-me das minhas primeiras lições com minha querida mãe, da cartilha do ABC e a Tabuada, aquela que tinha o desenho de uma professora com um taco apontando para o quadro negro e com uma cintura tão fina que eu achava que iria se quebrar ao meio.
Pois bem, aos trancos e barrancos e com a paciência e insistência de minha mãe, fui alfabetizado, apesar de ouvir algumas vezes o famoso e bom estímulo de “SEU BURRO”; e também, já na avida adulta de ouvir de algumas pessoas da família de que eu não chegaria alugar nenhum.
Ainda bem, acho que consegui chegar a algum lugar depois de duas graduações e duas pós-graduações, mas uma coisa que me persegue ainda hoje é o “SEU BURRO”, só que desta vez imposta a mim por mim mesmo, explico:
É claro e notório que nesta pandemia temos vivido tempos complicados e de extrema peculiaridades em todos os sentidos.
Nós que nunca, em sã consciência imaginamos que usaríamos máscara, tal artefato hoje virou item obrigatório para sairmos a rua ou até mesmo para ficarmos em casa; nunca imaginamos que as empresas autorizariam ou até mesmo incentivariam seus funcionários a trabalharem em casa.
Aulas, alunos e professores, em todos os níveis viraram objeto eletrônico; falar com os parentes só por videoconferência, fato que afetou e ajudou até mesmo o Poder Judiciário com suas audiências cada vez mais virtualizadas.
Neste período de exceção, se assim podemos dizer, deveríamos buscar mais e mais meios para que essa Pandemia seja controlada o mais breve possível, pois assim as vidas poderiam tentar voltar ao normal; que o comércio, atividade que mais foi afetada, possa tentar ser recuperar e assim os quase mais de 10 milhões de brasileiros que hoje recebem o Auxílio Emergencial possam voltar ao mercado de trabalho e assim tirar nossos governos do sufoco.
Senão vejamos, em 2020, quando veio a ideia de fechamento total de tudo, o governo pagou um auxílio de R$ 600,00 (seiscentos reais) para mais de 42 milhões de brasileiros, alguns recebendo indevidamente. Agora em 2021, reduziu para um pouco mais de 10 milhões de brasileiros com um valor que oscila entre R$ 150,00 (cento e cinquenta reais) e R$ 300,00 (trezentos reais).
A atividade comercial, a cada dia piora mais ainda por causa da Pandemia e só se ver lados de governos Federal, Estadual e Municipais em brigas ideológicas sem sentido com o objetivo pessoal visando as eleições de 2022.
Na minha burrice citada no início deste texto, não entra na minha cabeça a mentalidade de certos governantes que defendem a abertura de toda atividade no Brasil pelo simples fato de que o país não aguenta viver “fechado”.
Ora, se houver a tão sonhada abertura neste momento crítico, haverá uma proliferação maior do vírus e com isso haverá a quebra geral do Brasil; mais ainda e no sentido inverso, vejo que se tivéssemos aceito e tomado medidas rígidas lá em fevereiro e março de 2020, TALVEZ hoje estivéssemos em uma situação mais vantajosa, como aconteceu em países que foram “na contramão” do Brasil.
Outra coisa, e esta, eu vejo como mais grave, é a mentalidade de certos governantes em não permitir que a iniciativa privada possa comprar vacinas e assim fazer parte do combate a Pandemia.
Nos anos 1980 e 1990, vimos o total colapso do nosso sistema de saúde pública por incompetência dos nossos governantes, vivemos este colapso ainda; neste período, vimos o crescimento de uma nova categoria, a dos Planos de Saúde privados, ou seja, dado a incompetência de nossos gestores, a iniciativa privada assumiu essa lacuna cobrando por seus serviços, nada mais justo que cobrar por um serviço prestado.
Pois bem, está mais do que claro e evidente que nossos gestores, a nível Federal, Estadual e Municipal não possuem competência, como gestores públicos, para lidar com uma ação tão cara e mesmo assim tem-se falado e mantido proibições da iniciativa privada em colaborar comprando vacinas para seus colaboradores.
Na minha matemática, BURRA, se a iniciativa privada, notadamente o comércio, pudessem imunizar seus colaboradores, esta atividade tão essencial ao sustentáculo do país iria voltar a sua possível normalidade o mais breve possível, e com isso desafogando os governos em duas linhas de frente: a primeira com a recuperação econômica e a segunda com retirada da despesa do governo com aqueles que dependem do Auxílio Emergencial.
A meu ver, há um interesse em nossos governantes para que a Pandemia possa perdurar e assim a população buscar UM SALVADOR DA PÁTRIA, tal qual aconteceu na obra homônima e fictícia de Dias Gomes.
Na minha concepção, permitir que a iniciativa privada possa contribuir, vacinando seus colaboradores, desafogaria o próprio governo, que segundo previsões do Ministério da Economia, há uma estimativa de se gastar mais de R$ 20 bilhões de reais para vacinar toda a população do nosso país.
Claro que para permitir a entrada da iniciativa provada neste campo, que nossos gestores se mostraram incompetentes, tal qual nos anos 1980 e 1990, teríamos que criar mecanismos que garantissem a aquisição das vacinas limitada a seus colaboradores, evitando assim uma comercialização desenfreada e ilegal, e que os órgãos de saúde pública fiscalizassem tal aplicação. Vi agentes dos governos alegando que não teria como fiscalizar tais procedimentos.
Dizer que não teria como fiscalizar a aquisição das vacinas pela iniciativa privada é assinar mais um atestado de incompetência própria, provando que na atual conjuntura, nossos entes não conseguem fiscalizar o que entra e o que sai de nossas fronteiras. E mais ainda, dizer que a entrada da iniciativa privada iria inflacionar os preços das vacinas, é pura invencionice, pois desde que me entendo de gente ouço falar da lei da oferta e da procura, ou seja, quanto mais produtos em um mercado, a tendência é que este seja barateado ao consumidor final.
Infelizmente, o que se ver em nosso país, como sempre houve e haverá, é uma briga política por parte de nossos políticos para se manterem em evidências em anos pré-eleitoral visando eleições seguintes.
Lembro-me de uma piada que diz que certa vez Deus conversando com um de seus auxiliares, foi interpelado por este por ter criado o Mundo e espalhou pela imensidão as mais variadas catástrofes, tais como furacões, tufões, terremotos e maremotos; e por ter sido generoso demais com o Brasil por não ter colocado nenhum desses desastres naturais em nosso território; ao que Deus respondeu ter livrado nosso país destas catástrofes sim, mas que colocou “um povinho” aqui...
A piada pode e com certeza é sem graças, mas é uma realidade para os brasileiros, pois nossos governantes, que estão com a vida tranquila, não pensam na população mais que
sofrida e que cada dia precisa mais da proteção do Estado.
Da forma como está o plano de vacinação, a totalidade de imunizados, se isso acontecer, só será possível em 2023 ou 2024, se formos ser otimistas.
Velar pelo bem da nossa população é um preceito mais que constitucional e que cada eleito deveria responder criminalmente por qualquer demonstração de descumprimento da proteção à saúde de cada cidadão.
Falar da boca pra fora, é o que mais temos e vemos em nossos políticos, com discursos protecionistas da população camuflados de interesses pessoais e familiares para se perpetrarem no poder às custas da população que sofre e choram para enterrar seus entes querido, que sofrem para tentar colocar um pouco de comida na mesa e assim amenizar a fome de seus filhos e demais entes.
Temos um país e uma população grandiosa, mas que infelizmente não sabemos escolher nossos governantes por sermos tão carentes de coisas básicas, que em anos de eleição lembramos apenas das promessas vã que nos são feitas e esquecemos os fatos acontecidos em nosso passado bem próximo.
Precisamos de uma vacina mais eficaz, e não estou falando da vacina da Covid-19, para salvar toda a população brasileira; estou falando da vacina contra a burrice, a falta de conhecimento e de combate a estupidez, pois enquanto nossa população for “agraciada” com essas mazelas, melhor será para nossos políticos, verdadeiros morcegos e sanguessugas que nos asfixia e nos sufoca tal qual tem ocorrido com o vírus da Covid-19.
P.S.: Nosso presidente, tão defensor da liberação do comércio e do não controle do vírus, fez uma passeata, no domingo dia 24 de maio, na cidade do Rio de Janeiro no causando aglomerações e todos sem uso da máscara, ou seja, criando uma situação para proliferação do vírus. No dia seguinte, o mesmo presidente foi para a posse do Presidente do Equador, e..., lá estava posando do bom mocinho usando máscara.
Concluo que nosso presidente quer a cada dia mais e mais brasileiro mortos pela Covid-19.
José Salatiel Cordeiro Ramalho
Bacharel em Direito e em História com Pós-Graduação em História do Brasil
Gr.˙. 17
29 de Maio de 2021
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