COMO ESCOLHEMOS NOSSOS CANDIDATOS
- SRamalho
- 5 de jan. de 2022
- 5 min de leitura
Em 27 de novembro de 2021, no artigo intitulado “OS AMPUTADOS DE IDEOLOGIA”, falei sobre a falta de coerência e ideologia política de nossos partidos, e notadamente dos nossos políticos; essa falta de ideologia, não é ‘privilégio’ ou deméritos destes dois grupos (partidos e políticos), é também nossa como eleitores.
É comum nas eleições, muito se ouvir dos eleitores que irá votar em um determinado candidato por ele ser o “MENOS PIOR”, o que “ROUBA, MAS FAZ”, “ELE É O MAIS BONITO”, “FULANO OU SICRANO FALOU QUE ELE É HONESTO”, “MEU PAI, VIZINHO OU AMIGO PEDIU PARA EU VOTAR NELE”, “ELE ESTÁ EM PRIMEIRO LUGAR NAS PESQUISAS E EU NÃO VOU PERDER MEU VOTO”, “ELE ESTÁ DIZENDO QUE VAI MUDAR TUDO”, etc.
Esse modo de escolhermos nossos governantes é a mais perigosa que existe, pois somos e temos os reflexos em nosso país a cada ano de eleições, pois votamos e escolhemos nossos candidatos e ficamos na letargia de que “são só quatro anos e depois mudamos”.
Nossa incoerência é tão grande que isso afeta desde aquele eleitor que mora no sítio e apenas sabe ler e escrever até os mais graduados, com doutorados e tudo mais, independente de sexo, credo ou raça.
Se você for olhar, temos todas as classes com e sem conhecimento adequados defendendo Lula, Moro, Bolsonaro e todos os que se lançam candidatos.
Para os lulistas, a corrupção que houve em seu governo se justifica pelo fato de que foi o período em que o país mais se cresceu e os mais pobres tiveram mais oportunidades de melhoria de vida.
Esses fatores são verdades, mas não justificam a existência de desvios de dinheiro público para interesses particulares, pois se não houvesse tal artifício, tal, e eu digo TALVEZ, a situação do país e dos brasileiros teriam sido melhores.
Da mesma forma, se você conversar com um bolsonarista ou bolsominions, como são chamados pelos adversários, o atual presidente é o mais perfeito que existe, que acabou com corrupção, que não se deixa dominar por grupos políticos; mais um ledo engano, pois a corrupção não é só que envolve dinheiro não.
A corrupção envolve influenciar no meio estatal para que não se investigue, tal qual ele faz para que seus filhos não sejam investigados na Polícia Federal ou quando dispara seus discursos contra ministro do Supremo Tribunal Federal por determinar que se cumpra diligências solicitadas pela Procuradoria da República ou pelo Ministério Público Eleitoral.
No caso dos defensores do atual presidente eu vejo agravantes que são pessoas esclarecidas em termos de conhecimento intelectual e não enxergam o seu comportamento contrário à lei, assim como vejo mulheres o defenderem, uma vez que ele mesmo já disse: em 2014 "Ela não merece (ser estuprada) porque ela é muito ruim, porque ela é muito feia, não faz meu gênero, jamais a estupraria”; em 2017 “Fui com os meus três filhos, o outro foi também, foram quatro. Eu tenho o quinto também, o quinto eu dei uma fraquejada. Foram quatro homens, a quinta eu dei uma fraquejada e veio mulher”; em 2018 “Não é questão de gênero. Tem que botar quem dê conta do recado. Se botar as mulheres vou ter que indicar quantos afrodescendentes”.
Ver mulheres, não todas, defenderem um homem com tal comportamento, eu só imagino a cena em que um judeu defende e fala bem do governo alemão de Hitler; não tenho outra comparação para tal.
Outro comportamento que os seus defensores veem como normal é o fato de o mesmo desdenhar dos mais necessitados e de seus familiares durante a pandemia, onde este mostra desprezo pelos que perdem a vida e ao mesmo tempo debocha com os sentimentos dos que perdem seus entes; para comprovar o que falo basta fazer uma pesquisa de como ele se manifestou durante os picos do Corona Vírus.
Por fim e não tão importante, temos o ex-Ministro da Justiça que resolveu ingressar na política por uma mera questão de conveniência, pois o mesmo defende a bandeira de combate a corrupção e ele mesmo praticou corrupção quando juiz, pois como falei, a corrupção não se trata apenas de envolver pagamento ou recebimento de valores ou coisa, mas também de exercer de forma inadequada toda e qualquer atividade pública.
Isso que falo não sou eu que estou dizendo ou inventando; para ter maior conhecimento basta observar o que o Conselho Nacional de Justiça, o Superior Tribunal de Justiça e o Supremo Tribunal Federal fizeram com todas as suas sentenças proferidas nos chamados processos da Lava Jato, onde todas foram anuladas pela prática de atos judiciais não estabelecidos em lei.
Isso só, em um país de vergonha, já bastaria para o sujeito não poder se candidatar nem a sindico de prédio, mas aqui no Brasil muitos o veem como herói.
Esses três casos, são os que estão mais em evidências, pois se formos buscar a vida pregressa de cada um dos que se candidatar a qualquer cargo, terá os seus podres políticos a espera de serem revelados e não os citarei um por um para que este texto não vire uma monografia ou teses de conclusão de curso universitário.
O fato é que, nós eleitores, quando chega o ano eleitoral começamos a buscar aqueles que iremos votar de acordo com as informações contidas no segundo parágrafo deste texto.
Para que mudemos esta realidade, não precisamos de eleitores mais conscientes e melhores instruídos, pois como falei nos parágrafos que antecede a este, independente do grau de instrução, temos brasileiros defendendo cada um de seus preferidos, tornando-se cegos ideológicos e defensores dos indefensáveis e de pensamentos retrógrados e que vão de encontro à moral em todos os seus sentidos de uma sociedade que necessita cada vez mais de um “salvador da pátria”.
Eu me atrevo até a dizer que temos instruções demais, o que nos falta é enxergar que nossas ações, sejam elas boas ou más, afetam não só a mim, mas a todos, em especial quando nossas ações são nos anos eleitorais e que todos nós somos corruptos por natureza de enxergar cada vez mais que se eu não fizer, outro fará e começamos a fazer as cosias erradas por nossa comodidade.
Fazer uma contramão de 5 metros para não dá a voltar no quarteirão, parar em cima de uma calçada “só por cinco minutinhos” ou ainda furar a vila do banco por ter visto um amigo que chegou mais cedo; tudo isso nos faz corruptos e que não podemos exigir comportamento diverso dos nossos governantes.
Assim, se vocês me virem no futuro candidato e pedindo votos, lembre-se do dia que estiver lendo este texto e NÃO VOTEM EM MIM!
José Salatiel Cordeiro Ramalho
Bacharel em Direito e em História com Pós-Graduação em História do Brasil
Gr.˙. 17
05 de janeiro de 2022
Comentários