top of page

O JURAMENTO DE HIPÓCRATES E OS HIPÓCRITAS

  • Foto do escritor: SRamalho
    SRamalho
  • 27 de dez. de 2021
  • 6 min de leitura

O título deste texto poderia ser “O Médico e o Monstro”, mas não!


“(...) considerarei aquele que me ensinou esta arte o igual a meus pais; prometerei partilhar com ele os meus bens; e, se padecer necessidades, torná-lo-ei participante deles; considerarei os seus filhos meus irmãos, e, se quiserem aprender esta arte, haverei lh’a ensinar sem qualquer salário nem compromisso. (...). Não porei nenhum veneno em mãos de ninguém, mesmo que n’o peçam, nem tomarei a iniciativa de o aconselhar (...). Em quantas casas entrar, fá-lo-ei só para a utilidade dos doentes, abstendo-me de todo o mal voluntário e de toda voluntária maleficência e de qualquer outra ação corruptora, tanto em relação a mulheres quanto a jovens, sejam livres ou escravos. (...). Se eu cumprir fielmente este juramento sem infringir, seja-me dado gozar, feliz, da minha profissão, honrado por todos os homens, em todos os tempos; mas, se o violar e perpetuar um prejuízo, que o contrário me suceda”.


O Trecho acima é o Juramento de Hipócrates, que segundo dados históricos, remonta do século V a.C.; se lido na íntegra é belíssimo, mas me ative às questões mais importantes para um bom médico e todos profissional da saúde.


No dia 29 de março de 2020 o Presidente da República falou: “Vamos enfrentar o vírus com a realidade. É a vida, todos nós vamos morrer um dia”.


Quando foi decretado o Lockdown, em um dos grupos maçônicos que participo, um irmão defensor do presidente disse: “todos os anos morrem gente nos hospitais, morrem gente nas estradas, morrem gente de velhice”.


Eu o disse que concordava com ele que todo ano há mortes por estas causas, mas que o Corona Vírus estava contribuindo para o aumento de mortes não relacionadas a estas causas e que, como maçom, estranhava o discurso do referido irmão, uma vez que a Ordem Maçônica defende preceitos de fraternidade e solidariedade.


A realidade é que hoje temos mais de 900 mil mortes só por Corona Vírus e em que pese as vacinas, ainda há muita gente no governo federal que são contra a vacinação e agora o foco é contra a vacinação de crianças, e, neste item, o que me chamou atenção foram as frases do Ministro da Saúde, médico e dono de uma das maiores clínicas particulares da Paraíba.


"Os óbitos de crianças estão dentro de um patamar que não implica em decisões emergenciais. Ou seja, isso aqui favorece que o ministério tomar uma decisão baseada em evidência científica de qualidade, na questão da segurança, na questão da eficácia e da efetividade". (Marcelo de Queiroga).


Como médico e acima de tudo como Ministro da Saúde, uma frase dessas, dita durante uma pandemia, mostra como é que o Ministro da Saúde se preocupa com a população.


Uma preocupação do tipo: as mortes de crianças são normais e, SE, vier a aumentar a gente pensa em algo.


Como médico que proferiu o juramento do início deste texto, e com esse discurso, mostra que o médico que virou Ministro, agora é um monstro.


A meu ver, como Ministro da Saúde, seja o ocupante da pasta médico de formação ou não, e em especial em um período de pandemia e com um vírus como o Sars-Cov, que não sabemos a sua real reação em cada um dos indivíduos, independente da faixa etária, deve-se se comprometer com o juramento de Hipócrates, pois estamos falando de vidas, e como tal, estas não importar qual seja, há a obrigação legal de preservá-la.


E, para isso, pensa na situação de um médico que está de plantão em um hospital e lá chega o seu maior inimigo entre a vida e a morte, seja político, seja vizinho, seja o que for, qual a obrigação daquele médico?


Salvar aquela vida, e eu tenho certeza que diante de um quadro desses, seja qual for o médico, este irá esquecer a inimizade e tentará salvar aquela vida, pois ele está exercendo o seu mister, SALVAR VIDAS.


O nosso Ministro e meu conterrâneo, está indo na contramão de seu juramento, ou então ele não fez o referido juramento quando de sua formatura.


Confesso que não o conheço o Ministro Queiroga pessoalmente e muito menos o conheço de ouvi falar; só soube da sua existência quando este ingressou no Ministério da Saúde. Não sei se o mesmo tem pretensões políticas ou se sua atuação no Ministério da Saúde tem por objetivo apenas de atender as vontades do presidente da República que tem formação militar com especialização em paraquedismo, e assim manter o status de Ministro da Saúde apenas para alimentar o seu ego.


A prova concreta é que ele está lá ocupando a cadeira de ministro, para fazer e cumprir tudo que sai da cadeira localizada no 3º andar do Palácio do Planalto, cadeira esta ocupada por alguém que não possui curso superior em economia, saúde ou administração, sua especialidade é PARAQUEDISMO, talvez isso explique a sua autodeterminação de achar que tudo se resolverá do dia para a noite como um raio que cai do nada.


Governar um país com as dimensões do Brasil, com a malha rodoviária que temos, com a população que possuímos e acima com as grandes diversidades sociais que temos, há de se ter um grupo com experiência em cada uma das áreas necessária para uma boa administração, onde o presidente possa ouvir cada um desses profissionais e assim buscar meios para que seus ministros possam executar tais ações na busca por melhorias sociais, políticas e econômicas.


Na atualidade, não estamos vendo isso, o que vemos é um presidente que determina o que se deve ser feito no Ministério da Economia, Saúde, Planejamento e todos os demais, sem saber nem dominar nenhum destes temas primordiais para a melhoria do país e de seu povo.


No caso do Ministro Queiroga, que esqueceu que é médico, a prova de que este é apenas um fantoche do presidente está em sua fala em 12 de dezembro de 2021, disse ele: “Nós queremos ser, sim, o paraíso do turismo mundial. E vamos controlar a Saúde, fazer com que a nossa economia volte a gerar emprego e renda. Essa questão da vacinação, como realcei, tem dado certo porque nós respeitamos as liberdades individuais. O presidente falou agora há pouco: 'às vezes, é melhor perder a vida do que perder a liberdade'”.


A frase é chocante, mas foi dita pelo Ministro da Saúde, que segundo o qual, saiu da boca do Presidente, de que 'às vezes, é melhor perder a vida do que perder a liberdade', como se pode perceber, o médico esqueceu de vez o seu juramento ao defender que é melhor perder a vida.


O chocante é que este pensamento vem de alguém que deveria prezar pela vida de todos os brasileiros, pois o Presidente da República deveria ser a personificação do chefe de família de todos os lares, prezando pelo bem-estar de todos na busca de soluções para amenizar os sofrimentos de cada um.


Com tais discursos, estão esquecendo da dor que uma família passa por perder um ente querido e mais ainda a possibilidade de um pai e mãe perder um filho que não teve a oportunidade de ter uma vida mais alongada por falta de assistência de saúde que são consagradas por lei.


A dó que uma família passa por perder um familiar, quando podia ter sido evitado se os governos tivessem atuado como deveria, é incalculável e sem palavras para definir, só sabem aquelas famílias que passaram, e algumas passaram por isso duas, três vezes em questão de dias, pois temos o caso de uma família no Rio Grande do Sul que enterrou o pai, a mãe e um filho em um intervalo de sete dias, ambos mortos pela Covd-19.


Por fim, temos um médico, que jurou defender a vida de todos e dos mais necessitados, defender que em determinados momentos é preferível perder a vida.


Eu, particularmente, não sou da área de saúde, mas como ser humano, acho que a defesa da vida é uma questão obrigatória para todos os cidadãos, e mais exigente ainda para aqueles que devem cuidar dos meios de saúde pública.


E, aqui, vou citar o que diz o Art. 5º da Constituição Federal:


Art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do DIREITO À VIDA, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (grifo meu)


Como se pode perceber, tanto o presidente da República quanto o Ministro da Saúde estão cometendo crimes grave contra a Constituição Federal, com o agravante de que ambos são os maiores responsáveis e as maiores autoridades que deveriam defender as garantias constitucionais no tocante à vida.


O cidadão comum e desprovido de conhecimento, até podem defender ideias contrárias à vida, mas não autoridades do mais alto escalão de uma nação.


No caso do Ministro da Saúde e do Presidente da República, ambos estão esquecendo o Juramento de Hipócrates e estão se mostrando HIPÓCRITAS.



José Salatiel Cordeiro Ramalho

Bacharel em Direito e em História com Pós-Graduação em História do Brasil

Gr.˙. 17

27 de dezembro de 2021

 
 
 

Posts recentes

Ver tudo
A IMORALIDADE LEGALIZADA

Para quem gosta de cinema, aconselho que assista, após a leitura deste texto, o filme americano “DAVE – PRESIDENTE POR UM DIA”; o filme é...

 
 
 
O PADRE AMARO DO BRASIL

Este texto eu comecei a escrever no dia 08 de setembro, mas por questões de outras demandas e por motivos de trabalho, acabei deixando-o...

 
 
 

Comentários


Post: Blog2_Post

©2021 por SRamalho. Orgulhosamente criado com Wix.com

bottom of page