OS AMPUTADOS DE IDEOLOGIA

Você já passou pela situação de estar dirigindo em uma via expressa e do nada um motorista entra na sua frente para entrar à direita ou à esquerda sem ao menos ligar o sinal do pisca?

Eu já, e nossa reação é meter a mão na buzina e em alguns casos proferir alguns impropérios...

Eu estava pensando aqui e percebi que nossos políticos e nosso sistema político também são assim tal qual esses motoristas, e, no caso político do Brasil, eu vejo a situação mais agrave ainda.

Na Europa temos um grupo mais variado de ideologias políticas e entre a Esquerda e a Direita temos os chamados de Centro, Centro-direita e Centro-esquerda, e além destes, temos os chamados radicais que se denominam de Extrema Direita ou Extrema Esquerda.

Os de Extrema Direita são os nacionalistas radicais que defendem a cultura e a história de seu país ao extremo.

Assim, os de Extrema Esquerda defende posicionamento inverso, com um país mais aberto.

Para os de Direita, o Estado deve garantir que seus cidadãos vivam em um ambiente de bem-estar onde estas possam expor suas virtudes e tenham suas garantias e liberdades garantidas.

Por sua vez, a Esquerda defende que o Estado possua uma gama de militante de sua ideologia com uma forte burocracia estatal.

Já no meio-termo, por assim dizer, entre Esquerdista e Direitista, temos os de Centro-direita e Centro-esquerda; sendo que os primeiros, podemos definir como sendo uma Direita Moderada, assim como os segundo, sendo uma Esquerda Moderada.

Nos Estados Unidos temos duas ideologias: Democratas e Republicanos, no Canadá temos 9 partidos: Liberais, Conservadores, Bloco Quebequense, Democrático, Verde, Popular, Herança Cristã, Libertário e Proteção Animal.

E no Brasil? O que é, como são e quem são esses grupos políticos e suas ideologias.

Eu simplesmente diria que esses grupo políticos, aqui no Brasil, são os motoristas do início deste texto.

Não vou me ater ao período monárquico não, onde havia, Liberais, Conservadores e Moderador; nem vou para os primórdios da República com seu Café-Com-Leite; irei me ater aos anos 1990 para cá.

Da Redemocratização para cá, temos 33 partidos políticos, que se você for olhar o nome do partido nada tem a ver uma coisa com a outra, e muito mais ainda, iremos ver 3 ou 4 partidos com a mesma denominação, apenas acrescentando uma palavra para dá o ar de diferente.

São eles: Movimento Democrático Brasileiro (já foi Partido do Movimento Democrático Brasileiro), Partido dos Trabalhadores, Partido da Social Democracia Brasileira, Partido Progressista, Partido Democrático Trabalhista, Partido Trabalhista Brasileiro, Democratas (já foi Partido da Democracia Social, depois Partido da Frente Liberal) Partido Liberal, Partido Socialista Brasileiro, Republicanos, Cidadania, Partido Social Cristão, Partido Comunista do Brasil, Podemos, Partido Social Democrático, Partido Verde, Patriotas, Solidariedade, Partido da Reestruturação da Ordem Nacional, Partido Socialismo e Liberdade, Avante, Partido da Mobilização Nacional, Partido Trabalhista Cristão, Democracia Cristã, Partido Renovador Trabalhista Brasileiro, Partido Republicano da Ordem Social, Partido Social Liberal, Partido da Mulher Brasileira, Rede Sustentabilidade, Partido Novo, Partido Socialista dos Trabalhadores Unificados, Partido Comunista Brasileiro, Partido da Causa Operária e Unidade Popular.

Se você chegar para a lideranças desses partidos e perguntar qual seria a ideologia do partido, eles irão responder: “DEFENDER OS INTERESSES DO POVO”.

A ideologia não existe, pois, cada político e cada partido muda de ideologia de acordo com suas conveniências.

No início dos anos 1990, o Movimento Democrático Brasileiro defendia o Governo Fernando Collor de Melo que era do Partido da Reconstrução Nacional, hoje chamado Partido Social Cristão, em 1994 passou a defender a ideologia do Partido da Social Democracia Brasileira, de Fernando Henrique Cardoso.

Já em 1998, este mesmo Movimento Democrático Brasileiro passou a apoiar a ideologia do Partido dos Trabalhadores, permanecendo em tal ideologia até meados de 2016, quando passou a defender a ideologia do Partido Social Liberal.

A nível de políticos, estes são piores ainda, pois defendem os seus chamados conchavos de benefícios.

O candidato Lula, defensor das ideias do Partido dos Trabalhadores, em 1998 aliou-se ao maior industrial do Brasil para ter apoio de seu partido, já falamos dele: Movimento Democrático Brasileiro.

Nas eleições seguintes, tanto na sua reeleição quanto na eleição de sua sucessora e a reeleição desta, o maior rival de Lula foi o Partido da Social Democracia Brasileira, com Geraldo Alckmin; e, hoje já há conversas para que este mesmo Alckmin seja o vice de Lula nas eleições de 2022, certo que neste caso Alckmin iria mudar de partido, esquecendo a sua ideologia pretérita.

Mas caso pior de não saber a ideologia é do nosso atual presidente.

Iniciou sua vida no Partido Democrata Cristão, depois passou para o Partido Progressista Reformador, Partido Progressista Brasileiro, Partido Trabalhista Brasileiro, Partido da Frente Liberal (atual Democratas), Partido Social Cristão e Partido Social Liberal.

Depois que saiu deste último, já “namorou”, no jargão político, com o Partido da Reedificação da Ordem Nacional, Patriota, Partido Trabalhista Brasileiro e está negociando como Partido Liberal.

Assim como todos os políticos que mudam de partido, sem saber a ideologia própria e do partido ao qual pretende ir, este só quer ir para o partido que lhe dará total controle sobre o comando do partido, pois o que se busca é controlar a verba partidária e que esta é estimada para 2022 em apenas 7 bilhões de reais para se gastar nas eleições.

Como se ver, nossos políticos, em termos ideológicos, são tal qual nossos motoristas d início deste texto, amputados, não dos brações para sinalizar, mas de ideologia.

Por tais considerações, se você me ver candidato, que eu não serei, em 2022, não vote em mim, pois não sei qual seria minha ideologia política, a minha ideologia financeira eu sei qual é: RECEBER DINHEIRO.

José Salatiel Cordeiro Ramalho

Bacharel em Direito e em História com Pós-Graduação em História do Brasil

Gr.˙. 17

27 de novembro de 2021