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RAMBO BRASILEIRO

  • Foto do escritor: SRamalho
    SRamalho
  • 26 de jun. de 2021
  • 5 min de leitura


No dia 14 de abril de 1865, um cidadão americano, chamado John Wilkes Booth, invadiu um camarote no Teatro Ford e ali disparou contra o Presidente dos Estados Unidos Abraham Lincoln, causando-lhe a morte.


Fugindo do local, tendo pulado de uma altura de aproximadamente 2 metros, fraturou o tornozelo, montou num cavalo e dali fugiu, causando uma caçada que durou 12 dias.


De Washington, onde cometeu o crime, até a suposta captura na Carolina do Norte, John Wilkes Booth percorreu aproximadamente 50 quilômetros de distância, com a polícia e investigadores em seu encalço.


Anos depois, em 22 de novembro de 1963, a cena se repetiu em Dallas, onde Lee Harvey Oswald foi capturado 80 minutos depois, acusado de ser o responsável pelo tiro que aniquilou o presidente John Fitzgerald Kennedy.


Algumas peculiaridades sobre os dois casos:


- Nunca se descobriu qual teria sido a real motivação dos dois assassinatos;


- Nunca se descobriu se houve um grupo responsável pela encomenda ou se realmente cada um ágil sozinho e deliberadamente;


- John Wilkes Booth atirou em Lincoln a queima roupas;


- Lee Harvey Oswald atirou em Kennedy de uma distância de aproximadamente 60 metros;


- Quando John Wilkes Booth atirou em Lincoln ainda não havia o Serviço Secreto e o FBI;

- Lee Harvey Oswald atirou em Kennedy já existia o Serviço Secreto e o FBI;


- Em ambos os casos, houve uma rápida ação das polícias para a captura dos criminosos;


- Nos dois casos, houver perseguição policial;


- John Wilkes Booth, mesmo não havendo, na época, um meio de transporte eficaz, conseguiu escapar por 12 dias até ser cercado e morto;


- Lee Harvey Oswald foi morto antes mesmo de ser interrogado.


Como se ver, os casos mais emblemáticos dos Estados Unidos, foi possível a uma rápida ação policial para que se pudesse prender os fugitivos.


De 1965 a 1963, transcorreu pouco mais de 98 anos e o que se denota é que de um período para outro a informação e os meios de comunicações foram ampliados e mais sofisticados.


De 1963 para 2021, tivemos um lapso temporal de 58 anos, mas neste período, as tecnologias evoluíram o equivalente a 200 anos, se comparado com o lapso temporal da morte de Lincoln para Kennedy.


Pois bem, estamos no Brasil de 2021, onde temos muito mais meios de informações, em todos os sentidos, e a polícia tem levado um banho de um fugitivo que mal tem formação de ensino médio.


Hoje, dia 26 de junho, completa 18 dias que o fugitivo mais famoso do país está fazendo as polícias baterem cabeça e andarem em círculo.


Tenho visto nos jornais que tem sido empregado meios como aeronaves, drones, cães farejadores, serviços de inteligências das polícias Militar, Civil, Federal, Rodoviária Federal, Força Nacional de Segurança de um Estado e do Distrito Federal; e mesmo assim o banho continua.


A meu ver, isso só mostra que nossas forças de elite das polícias só estão preparadas para atuar e centros urbanos e nada sabendo fazer quando levadas para atuar em áreas de mata e floresta.


Essa saga toda me fez lembrar dos filmes de Rambo, notadamente o primeiro filme, onde um homem sem embrenha no meio da mata, passa a ser perseguido por uma horda de policiais, mata alguns involuntariamente e causa o terror numa pequena cidade do interior dos Estados Unidos.


Aqui, o fugitivo deve estar se imaginando UM RAMBO, e vivendo dias de RAMBO no meio da mata, se camuflando, fazendo armadilha com galhos de árvores e se escondendo das polícias que são mal preparadas e não consegue lhes prender com drones, aeronaves, cães farejadores e elites das elites policiais.


A “saga brasileira”, se for virar filme, eu até já vejo um título “LÁZARO RAMBOS, O FUGITIVO TUPINIQUIM”; seria um filme ambientado na caatinga nordestina e os policiais todos armados de estilingues com seus cachorros maltrapilhos, os drones não passam de aviões de papel e com trilha sonora da banda Aviões do Forró.


Brincadeiras à parte, mas a realidade é que temos um fugitivo a solta dando baile nas polícias e causando pavor numa população que nada pode fazer, a não ser se esconder em suas casas ou até mesmo dentro do carro, como vi o relato de uma senhora que estava há mais de uma semana morando dentro de um Fiat Uno Mille.


Também, vi a declaração de uma policial que falou “O FUGITIVO ESTÁ SENDO AJUDADO POR PESSOAS QUE ABANDONAM SUAS CASAS E LÁ FICA COMIDA PARA ELE SE ALIMENTAR”.


Ora bolas, se a polícia toda aparelhada e com armamento meio que de primeiro mundo não consegue prender um único fugitivo, que se dizem está armado, imagina o pobre cidadão que mora num sítio ou chácara, que nos dias de hoje não pode ter mais nem uma espingarda soca-soca para matar uma rolinha.


Na minha ignorância e concepção, as elites policiais que estão à procura do foragido, ou não estão preparados para uma situação dessas, ou simplesmente estão sentados em determinado lugar achando que o fugitivo vai passar por ali.


Já se foi o tempo que a polícia tinha preparo para fazer uma incursão no meio do mato.


Lembro-me, como professor de História que fui, que em 1922, quando do levante dos oficiais no Forte de Copacabana no Rio de Janeiro em seguida com a saída destes para a cidade de São Paulo, onde ficaram amotinados e depois conseguiram fugir em direção ao Rio Grande do Sul; já no Estado do Paraná, as tropas vindas de São Paulo encontraram com as tropas oriunda do Rio Grande do Sul, e de lá resolveram percorrer o Brasil.


Iniciado em 1925 no Paraná, foram para Mato Grosso, Tocantins, Minas Gerias, Bahia, Tocantins, Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Bahia, Minas Gera, Bahia, Sergipe, Bahia, Pernambuco, Piauí, Tocantins e Mato grosso, até adentrarem na Bolívia em 1927.


Essa Marcha foi mais de 25 mil quilômetros percorridos a pé no meio do mato com as tropas da polícia perseguindo-os dia e noite.


Lembro que nesta época não havia helicóptero, drones com infravermelho e percepção de calor e muito menos cães farejadores e mesmo assim a precária polícia da época vivia trocando tiros com os tenentes fugitivos no meio da mata.


Raros foram os casos de trocas de tiros nas cidades, até por que, naquela época, o meio de comunicação mais rápida e eficaz era o rádio, e logo se espalhou a notícia e as forças policiais estavam no aguardo para o confronto, caso os tenentes aparecessem nas cidades; assim, só restavam os fugitivos andar pelo meio da mata.


Hoje, pleno século XXI, com toda a tecnologia, com as inteligências das várias polícias, um homem que não teve preparação militar, está dando banho e fugindo por mais de 18 dias.

Realmente, não me estranha se um dia essa história virar filme, de comédia.



José Salatiel Cordeiro Ramalho

Bacharel em Direito e em História com Pós-Graduação em História do Brasil

Gr.˙. 17

26 de Junho de 2021




 
 
 

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